quarta-feira, 8 de abril de 2009

A História Sem Fim

O post (quase) sem fim

Calma, não se trata de nenhuma versão zumbi de História Sem Fim, este post é sobre o filme original de 1984 mesmo. Tudo bem, não há zumbis nessa história, nem mesmo um cerebrozinho é comido. Nada. Mas o filme é tão viajado e sem noção quanto um verdadeiro filme de zumbi. Além, é claro, de ser um puta clássico.

O filme conta a história de Bastian, um menino órfão de mãe que detesta matemática e sofre bulling de roqueiros malvados, fãs de Rolling Stones (como é possível ver no botton de um deles, no final). Ao fugir dos marginais, certo dia, Bastian entra numa espécie de sebo, onde o dono menospreza toda a raça humana tanto quanto a tecnologia hi-tech dos filmes em VHS. O velhinho misantropo mostra ao garoto um livro que diferente dos outros não é nada seguro, é A História Sem Fim, o qual, ao contrário do que o nome sugere, tem fim sim (impossível não fazer essa piada, desculpem). Depois de roubar o livro do velhote, o menino se tranca no sótão da escola e inicia sua aventura pelo mundo da Fantasia.

É um filme metafórico e traz belos ensinamentos e valores. O reino da Fantasia nada mais é do que a nossa imaginação, por isso ele não tem fronteiras, não tem fim e abriga qualquer devaneio, comedor de pedras, dragão da sorte falante ou duende que voa em morcego gigante. Mas o garoto custa a descobrir isso. Custa também a descobrir que ele próprio faz parte da história e que só ele pode salvar as terras da Fantasia do Nada que a está consumindo, apenas dando um nome para a Imperatriz Menina. Tudo bem, o filme é meio Mundo da Xuxa, mas é simplesmente fantástico.


Quando se confrontam consigo mesmo, a maioria dos homens foge gritando

Lá pelo final, na versão em português há um erro crasso de dublagem. O cachorrão malvado que quer matar o herói da história diz que o Nada está dominando tudo porque as pessoas estão ficando sem sonhos e esperanças, e pessoas que TÊM sonhos e esperanças são mais fáceis de controlar. Ora, eles simplesmente deturparam toda a moral do filme por não colocarem a palavra NÃO na frase. Palavra essa que consta no original em inglês, a saber. Não sei se há uma reedição, ou coisa que o valha, mas o fato é que o erro foi cometido e crianças podem cometer suicídio se assistirem ao filme dublado. Eu mesmo quase cometi.

Mas enfin, toda essa invencionisse parece mesmo ser fruto da mente de mais um americano maluco, mas não. O filme é adaptação de um livro escrito pelo alemão Michael Ende, publicado em 1979. Na versão cinematográfica, a história, obviamente, perde toda sua carga metalingüística (um personagem do livro, que compra um livro e descobre que faz parte do livro que comprou...), mas ganha muito em efeito e poética. É, sem dúvida, um filme típico de remake do Tim Burton. Só resta saber se o Johnny Depp seria adequado para o papel de uma criança de 12 anos.

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