quarta-feira, 27 de março de 2013

O Voo



Ser bom em alguma coisa é o primeiro passo para criar uma falsa camada de invencibilidade. A confiança inabalável institui também a sensação de poder total nas mãos, ajudando a transformar pessoas carismáticas em metidas. Neste processo todo, é muito fácil machucar as pessoas que estão ao redor, muitas vezes isto acontece imperceptivelmente, infelizmente. Falando em letras miúdas, a pessoa acredita que é tão foda que se acha acima do bem e do mal, podendo magoar e ferir sem se importar com as consequências. Pelo menos, até acontecer algum fato que mude tudo.

Esta pequena introdução se encaixa perfeitamente em O Voo, novo filme do diretor Robert Zemeckis (Forrest Gump). A trama, cheia de turbulência, mostra a saga de um piloto que mesmo com tanto talento para voar, só consegue seguir o caminho da autodestruição. Nesta história, as fraquezas também são expostas, válvulas de escapes mortais que só trazem tristeza e infelicidade senão forem combatidas.

O filme tem um começo alucinante, somos apresentados ao Capitão Whip Whitaker (Denzel Washington) num quarto de hotel, transando com uma aeromoça, bebendo e usando drogas...assim ele se prepara para mais um voo de Orlando para Atlanta.


Já no voo, após uma turbulência inicial, suas habilidades são comprovadas e passam com louvor, levando o avião para a tranquilidade do céu azul e permitindo que Whip tome um suquinho com vodca e tire uma soneca. Seu sono acaba sendo interrompido por algumas falhas mecânicas e obriga o piloto a fazer uma manobra quase impossível para evitar a morte de todos os passageiros. Apesar do ato heroico, os seus segredos aparecem em testes de sangue e revelam tudo que ele tinha usado. Enquanto a união dos pilotos contrata um advogado para ajudar Whip, o capitão acredita veemente que seus problemas com álcool não interferiram em nada, inclusive acha que nem tem problemas.


Com sua vida sendo engolida pelas consequências de suas decisões e de suas fraquezas, Whitaker lutará não mais para provar sua inocência e, sim, para consertar seus erros para que ele possa finalmente se sentir livre. Arrumar a vida nem sempre é fácil, pelo contrário, é tão difícil que muitas vezes precisa acontecer alguma tragédia ou fato fudido para mudarmos, só que nem sempre existe o final feliz e perfeito dos filmes.    

sexta-feira, 22 de março de 2013

João e Maria – Caçadores de Bruxas



Além de ensinar lições importantes da vida, os grandes clássicos literários infantis sempre mexeram com a imaginação de seus leitores e espectadores, deixando ideias e pensamentos guarnecidos. Essas fantasias acabaram ganhando forma e expandiram alguns universos, como em João e Maria – Caçadores de Bruxas.


Nesta continuação/prequel os roteiristas foram ousados, retornaram ao mundo João e Maria e tentaram criar uma franquia nova, aberta a outras possíveis continuações. Para estruturar este formato foram convocados dois atores bem cotados em Hollywood para serem os pilares de uma possível série de filmes, Jeremy Renner e Gemma Arterton. Além da dupla, a história tem muitas mortes estilosas que fariam inveja a qualquer “acidente” dos filmes Premonição, um atrativo bastante válido para divertimentos cinematográficos. 


Bom, o filme começa mostrando rapidamente a famosa história de infância dos irmãos. Só que ao invés do “viveram felizes para sempre”- após matarem a bruxa que os aprisionou - os dois se tornam caçadores de bruxas, os mais famosos e sanguinários de toda a Europa.  


Quando sete crianças desaparecem misteriosamente na pequena cidade de Augsburg (Alemanha) a dupla é contratada pelo prefeito para resolver o caso. Só que nas intrigas das bruxas nada é tão simples e fácil. A tramoia está diretamente ligada ao passado de João e Maria e envolve uma revolução nos poderes das malvadas. Ou seja, o mundo presenciará mais uma batalha entre o bem e o mal, onde o futuro da humanidade estará em jogo (clichê ou não?).  


Estarei mentindo se dissesse que a história deste filme não é previsível. Com a vontade de criar uma franquia rentável, o diretor Tommy Wirkola elaborou um produto rápido e divertido banhado de sangue. Estaria mentindo também se dissesse que não gostei do filme...acho que vale uma nota 7. 

domingo, 17 de março de 2013

Amanhecer Violento


Por incrível que pareça, estamos mais preparados psicologicamente para o apocalipse zumbi do que para uma invasão militar. Se acontecesse uma epidemia de mortos-vivos, saberíamos como mata-los, como evitar virar um e escaparíamos indo morar em alguma ilha deserta. Agora, que diabos fazer se a sua cidade for invadida por um exército formado por norte-coreanos e russos? Com certeza a resposta não está neste filme.


Este Amanhecer Violento é na verdade um remake (sim, mais um). No original de 1984, os inimigos são da União Soviética, Cuba e Nicarágua. Só que os tempos eram outros, tecnologicamente e historicamente. Os filmes em si não tinham efeitos muitos elaborados e os próprios exércitos da época não dependiam tanto de equipamentos modernos. Na parte histórica uma invasão neste estilo também fazia mais sentido do que nos tempos atuais.

Esta nova versão se passa em Spokane, uma cidadezinha do estado de Washington. Como toda pequena cidade americana, eles possuem um time de futebol americano chamado Wolverines. A estrela do time é Matt Eckert (Josh Peck) que quase não fala com o seu irmão Jed (Chris Hemsworth), recém chegado do exército.



Numa certa manhã os dois acordam com pequenos terremotos. Quando saem para verificar o que está acontecendo, são surpreendidos com explosões, aviões caindo e milhares de paraquedistas. O pai dos irmãos manda eles fugirem e se esconderem numa cabana nas montanhas. Na fuga, outros aproveitam a carona e se refugiam com os dois Eckert.        


Matt, com seu jeito mandão e militar treina os refugiados para lutarem contra os invasores. Treina tão bem que qualquer um deles consegue atirar e executar táticas de guerrilha melhor do que soldados que ficam anos treinando... Talvez seja por isso que eles são os Wolverines dos tempos atuais.


Mesmo com alguns absurdos, como visto acima, o filme até que não é tão ruim. O difícil mesmo é tentar entender porque ele é tão rápido e aonde foi parar o final. Parece que alguém chegou gritando “Invasão, fujam” e o diretor finalizou o filme para sair correndo. Coisas que só acontecem nos remakes hollywoodianos.      

domingo, 10 de março de 2013

O Lado Bom da Vida


Relacionamentos amorosos são complicados. Em determinados momentos não nos importamos com mais nada além do amor, em outros momentos ficamos tão machucados em consequência deste amor que ficamos destruídos. Eles também são capazes de revelarem o melhor e o pior de uma pessoa. Mesmo com brigas e términos, é impressionante como certas pessoas conseguem dominar nossos pensamentos e vontades, parece uma droga viciante que não saí do corpo. Eu sempre digo que é melhor ter problemas amorosos do que não ter, amar é uma coisa maravilhosa e vale a pena se arriscar por ele. Somos todos humanos complicados, mas com certeza existe a tampa certa para cada panela. Basta dar chance para novos ou antigos amores.


O Lado Bom da Vida tem em seu tema central mais ou menos o que eu disse acima. Ele mostra como o amor pode levar a loucura, mas em contrapartida ele também é a chave para a felicidade. O elenco do filme tem uma ótima atuação, todos os quatro atores principais foram indicados ao Oscar, mas só a Jennifer Lawrence levou uma estatueta para casa. Palmas também para o sumido Chris Tucker, seu personagem aparece pouco, mas as cenas são hilárias.


O filme começa com Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper) voltando para casa depois de ficar um tempo numa clínica psiquiátrica. Diagnosticado com distúrbio bipolar, ele ficou lá após quase matar o amante de sua mulher. Agora de volta para a casa de seus pais, Dolores (Jacki Weaver) e Patrizio (Robert De Niro), ele começa a reconstruir sua vida, esperando retornar para os braços de sua esposa, Nikki.


Enquanto tenta bolar um jeito de reencontrar a sua mulher, seus amigos e família tentam ajudá-lo a ter uma vida normal. Durante um jantar, ele conhece Tiffany (J. Lawrenece), uma viúva que assim como Pat também tem seus problemas. Inicialmente os dois não se dão bem, mas é Tiffany comentar que pode entregar cartas para Nikki que Pat começa a tentar uma amizade. Os dois acabam fazendo um trato para ficar bom para ambos os lados. Tiffany entrega as cartas e Pat vira o companheiro dela de dança num concurso.



Passando tanto tempo juntos, os dois acabam se conhecendo melhor. Só que Pat não consegue tirar o foco de sua ex-mulher. Ele não se permite seguir adiante, como se Nikki fosse uma pedra intransponível em seu coração e mente. Quem sabe com a aproximação do concurso de dança, as suas respectivas loucuras não encontrem a felicidade que todo ser humano merece.    


Vendo este filme me identifique em certas partes (em escalas menores). Ele também me lembrou a música Thumbing My Way do Pearl Jam. As questões persistem e não posso ser livre sem superar o que sinto dentro de mim, mas estou no caminho certo para voltar aos eixos.  

"i can't be free with what's locked inside of me
if there was a key, you took it in your hand
there's no wrong or right, but i'm sure there's good and bad
the questions linger overhead
no matter how cold the winter, there's a springtime ahead
i'm thumbing my way back to heaven"

domingo, 3 de março de 2013

Jack Burton TOP 10 de 2012



Eu sempre espero o Oscar para dizer os meus melhores e piores filmes. Infelizmente temos um delay aí de estreias com o cinema americano e desta forma fica mais justo. Não que a minha opinião mude algo, mas este tipo de lista é sempre interessante para criar uma discussão bacana e relembrar as bombas que passaram. Tentei assistir aos principais filmes, mas alguns eu não consegui. Quem sabe no futuro eu atualizo esse post com alguns adendos. Bora para a lista:


Melhores


     1-     As Aventuras de PI

     2-     Os Vingadores

     3-     Ted

     4-     Intocáveis


     6-     O Lado bom da Vida

     7-     The Raid:Redemption

     8-     Argo

     9-     O Voo

    10-   Django

    

Piores

    1-     O Vingador do Futuro


    3-     E aí, Comeu?

    4-     Chernobyl

    5-     Os Candidatos

    6-     A Filha do Mal


    8-     O Ditador

    9-     Fúria de Titãs 2


Gata do Mês (fev/13)

Tempestade

Personagem do Mês (fev/13)

ET

sexta-feira, 1 de março de 2013

Intocáveis


Uma amizade verdadeira pode mudar completamente uma vida. Aprendizados, lições, sinceridade e companheirismo fazem parte do escopo. Esse tipo de amizade não tem data e momento para acontecer. Tanto pode ser na infância, quanto adolescência, faculdade, trabalho ou até mesmo em algum campo de futebol. Sortudos aqueles que como eu, conseguem ter amigos verdadeiros assim.

Intocáveis é um filme francês comovente e engraçado que foca justamente neste tipo de amizade. Tudo começa quando Philipp (François Cluzet), um rico tetraplégico começa um processo de seleção atrás de um ajudante faz tudo. Sem a menor esperança de passar na entrevista, surge Driss (Omar Sy), um imigrante malandrão e recém-saído da prisão. Para a surpresa de todos os empregados e ajudantes de Philippe, ele escolhe justamente Driss para cuidar dele. Precisando de dinheiro e de um lugar para morar, o falastrão aceita o serviço.


A relação da dupla começa com bom humor e paciência de ambas as partes. Driss cativa com a sua sinceridade e principalmente pelo fato de tratar Philippe como um ser humano normal, em vez de um inválido que não serve para nada. Juntos eles conseguirão superar seus respectivos problemas pessoais e descobrir que mesmos as pessoas mais improváveis podem transformar tão positivamente suas vidas.
  

Baseado numa história verídica e já com um possível remake americano em vista, o filme não se apega muito nas tragédias e problemas, foca na bela amizade entre os personagens e embarca numa jornada emotiva onde diálogos e situações engraçadas dão o rumo para o filme se tornar um dos melhores de 2012. Como é bom se emocionar com histórias reais que não precisam ser apelativas e destruidoras de corações, elas renovam nossa esperança neste mundo cruel.