domingo, 25 de janeiro de 2009

A Hora do Espanto

Colocar todos os clichês de vampiro dentro de um saco e sacudir para ver o que sai é uma tentativa que pode ser desastrosa nos dias de hoje. Mas não em 1985, quando o diretor Tom Holland, o mesmo de Brinquedo Assassino, surgiu com A Hora do Espanto.

Segundo o diretor, o filme tinha mesmo a intenção de homenagear (ou esculachar geral), respeitando “todas as convenções de uma tradicional história de vampiros”. Não só tinha a intenção, como conseguiu. Tornando o filme um clássico da Sessão da Tarde.

Graças a produções como essa ninguém nunca será morto por um vampiro. Basta lembrar dos alhos, da estaca de madeira, do crucifixo e da água benta que a proteção será adequada. Assim, só leva mesmo mordida desses seres do inferno quem quer. Mas, como sempre, nos filmes nada parece ser tão óbvio.

Em A Hora do Espanto, a história começa quando Charley desconfia que seja seu novo vizinho o culpado pela série de assassinatos ocorridos na cidade. E o pior é que ele está certo. Numa noite, Charley vê uma bela mulher chimbando com o vizinho na janela e, logo, não só confirma que ele é mesmo o assassino, como também percebe que o homem possui garras e dentes afiados. O vizinho com presas percebe que está sendo vigiado e o rapaz se vê, agora, ameaçado por um vampiro que sugará toda a cidade. Mas ninguém acredita, é claro.

Nem a mãe, uma solteirona sedenta por sexo, nem a namorada, pudica do rabo quente, nem o amigo, uma espécie de Sid Vicious mais bobo, nem a polícia e nem mesmo Peter Vincent, o astro decadente do programa A Hora do Espanto, hoje mais conhecido como Lucas Mendes do Manhatan Conection.

O filme ainda tem cenas memoráveis, como aquela em que a mãe oferece valium para o filho relaxar (na versão em inglês). Só faltou falar pra ele misturar com vodka e depois fumar um baseado ao som de Lou Reed. Há ainda a cena em que o vampiro sedutor/ galã de novela mexicana assovia strangers in the night do Frank Sinatra antes de atacar Charley pela primeira vez. Nada mais apropriado e elegante. Fora a festa anos 80 rolando na boate, muito parecida com os revivals 80’s de hoje em dia, com a diferença de que aquele era mesmo nos anos 80 e Devo ainda fazia sucesso, junto dos mullets e das calças jeans de cintura alta.

E como não se lembrar da sensacional alfinetada na série de filmes Sexta-feira 13? Quando Charley vai pedir ajuda a Peter Vincent, este diz que está sendo demitido do canal e explica: "sabe porque fui despedido? Por que os jovens de hoje não acreditam mais em vampiros. Só querem saber de assassinos com máscaras de hóckey perseguindo meninas inocentes". Se isso não é uma crítica ao Jason, então eu não sei mais nada.

Peter Vincent é um dos personagens mais interessantes do filme pois, apesar de se mostrar um covarde filho da mãe no começo, é no velho que mora toda a história do terror. Seu nome é uma mistura de Peter Cushing com Vincent Price, dois grandes nomes dos filmes de horror, da turma de Boris Karloff e Bela Lugosi. E, na história, além de saber absolutamente tudo sobre vampiros, já atuou em um filme chamado Orgia dos Malditos (ou Orgia do Demônio), um magnífico filme (pornô?) que ajuda na hora da caça aos vampiros.

A Hora do Espanto é um clássico e sua dublagem em mono só ajuda a cultuá-lo mais. Sem falar nos efeitos assustadoramente surreais, mas que deveriam convencer bastante na época. Uma pena que esteja passando cada vez menos na tv. Assim, sem lições básicas de prevenção contra vampiros, a nova geração correrá sérios riscos de ser extinta por essas bestas do inferno.

Ficha
Título Original: Fright Night
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 102 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1985
Direção: Tom Holland
Roteiro: Tom Holland

Elenco
Chris Sarandon - Jerry Dandrige
William Ragsdale - Charley Brewster
Amanda Bearse - Amy Peterson
Roddy McDowall - Peter Vincent
Stephen Geoffreys - Ed Thompson
Jonathan Stark - Billy Cole
Dorothy Fielding - Judy Brewster

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