sábado, 22 de agosto de 2009

Apocalipse Now

O horror, o horror

É pelo fim que Apocalipse Now começa. Mas não se trata de um flash-back e sim da mais intrigante música do The Doors... The End. Ao som da voz de Jim Morrison, uma bela cena de destruição é mostrada, com labaredas incandescentes tocando o céu vermelho, sugerindo o que está por vir nos minutos seguintes.

Apocalipse Now não é um filme de guerra qualquer. É o filme de guerra. Além de cabeças decepadas, pernas voando e tripas pulando fora do corpo, o filme consegue atingir um lirismo que muitos filmes de arte pseudo-intelectuais desejam. A poesia está nos helicópteros que voam como pássaros ao som do Passeio das Valquírias. Está também nos diálogos finais e em toda a filosofia sobre a loucura. E, principalmente, está na morte, ou o fim, que está sempre à espreita. E é o desejo de atingi-la que move os soldados e não o desejo da vida. Pois quando se luta pelo “maior nada da história” não há muitas escolhas. Talvez seja isso que faz um filme de 1979 parcer tão atual.

A história, baseada no livro O Coração das Trevas de Joseph Conrad, é simples. Um capitão recebe a missão de encontrar e matar um coronel que resolveu se embrenhar na selva do Vietnã e que, corrompido pela loucura, age por conta própria, interrompendo a vida de quem cruze seu caminho, com a ajuda dos nativos, que o tratam como um deus. Mas o que um país como os Estados Unidos, que usa qualquer pretexto babaca para atacar, pode falar disso? E quem é o verdadeiro louco numa guerra que destruiu a vida de 500 mil pessoas?

Por isso não se pode julgar o soldado que toma um ácido para contemplar o caos no cu do mundo. Nem se pode duvidar do cheiro de nepalm que se desprende do horror e sua cara imunda.

E é essa cara imunda que o coronel Kurtz, Marlon Brando, tem que encarar. O caribu então é sacrificado. E ele chega. O Belo Amigo. O Fim.

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