sábado, 5 de setembro de 2009

Anticristo

Adão e Eva viciados


Os motivos que fizeram a platéia mais blasée do mundo vaiar “Anticristo”, no Festival de Cannes, são compreensíveis. Com o título emprestado de uma obra de Nietzsche, o diretor Lars Von Trier, que estava em depressão na época da produção, expõe o que há de mais animal no ser humano. O filme é um show de vísceras e tripas expostas em meio a muita mutilação, sexo & amor. E faz por onde para merecer toda a polêmica que, como água de piscina suja, o encobre até a cabeça.


Logo no início da trama, a cena em preto e branco mostra um casal que faz sexo ao som de Handel, enquanto o filho sai do berço e se joga pela janela, beijando o chão coberto de neve alguns andares abaixo. A mulher e o marido (os únicos personagens do filme, além do bebê), inconformados com a perda, tentam reencontrar o sentido da vida curtindo o luto, como uma lua de mel fúnebre, em um lugar o qual chamam de Édem. É como se Adão e Eva retornassem ao paraíso, mas já contaminados pelos vícios e pecados da Terra.


O filme é lento. Lento o suficiente pra fazer alguém que levantou às 4 e meia da manhã cochilar no cinema. Chega a parecer um Gus Van Sant com sérios problemas mentais e sem os longos planos-seqüência. Cortes descabidos e closes em nada fazem parte da obra. Mas o que realmente impressiona é a beleza que o diretor consegue tirar da dor e do desespero. Por isso, a fotografia é, sem dúvida, o grande trunfo do filme. Tão bela que já está no Top 2 deste humilde matador, ao lado de “Sonhos” de Akira Kurosawa.


O filme não é fácil, não foi feito para ser assistido sábado à noite com a família e ninguém normal poderia achá-lo bom. Por isso é foda! Inegavelmente, alguns excessos existem, como mutilar o próprio clitóris e mostrar uma ejaculação de sange. Além disso, as simbologias presentes fazem pensar por semanas sem chegar a nenhuma conclusão decente. Não é possível nem mesmo saber ao certo quem é o anticristo do título.


É por isso que a única coisa que realmente parece ter sentido nesse terror psicológico é a fala da raposa: “o caos reina”. Justamente o que arrancou gargalhadas e protestos da platéia mais blasée do mundo.


5 comentários:

  1. Nossa....a melhor resenha que li sobre o filme até o momento!

    bjos

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  2. Pára de ser puxa-saco, Livia.

    hahahahahahahahahaha

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  3. Ah vá!
    Vai lá classificar as notícias de bm&f e não agita!

    ahahahahahahahahahaha

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  4. PS: seus matadores de INOCENTES!

    http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI3965396-EI14256,00-Zumbis+sao+criaturas+inocentes+diz+George+Romero.html

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