
Faz sentido pensar que seu nome só entrará para a história, caso você faça algo realmente grande. Algo a ser lembrado por séculos. Por isso é compreensível que o personagem principal de Balde de Sangue, de 1959, queira fazer sucesso para não morrer depois de morrer.
Garçom de um bar frequentado por artistas, jornalistas, poetas e qualquer outro tipo de marginais da época, o personagem principal é um invejoso. Ele deseja ser tão famoso quanto as pessoas que serve, mas não tem o mínimo de talento para isso. Além do mais, é doido. Um dia, quando mata sem querer o gato da vizinha e reveste o corpo com argila tem aí uma "bela" obra de arte, que faz imediato sucesso entre os frequentadores do bar Porta Amarela. Para continuar o sucesso e se manter em foco, o garçom passa a matar pessoas de verdade.
Rodado em plena efervesecência do movimento beatnik, o filme pode ser visto como um retrato em preto e branco desse mundo onde poetas loucos e bêbados nasceram para deturpar a visão tradicional do mundo como o conhecemos.
O longa, se é que se pode chamar assim, não tem em evidência nenhum balde de sangue em seus 65 minutos. E é tão rápido e rasteiro que mal se pode se identificar com os peronagens. Os efeitos poderiam ser escritos com um "d" na frente de tão toscos e as desculpas para as mortes são tão vagabundas que envergonham. Edgar Allan Poe levantaria do caixão se soubesse que um conto seu influenciou a morte do gato.
Mas por ter um argumento incrivelmente brilhante e uma cena de abertura fantástica, mesmo que simples, todos os erros são perdoados. Como se não bastasse, o filme foi influência para Art Spiegelman, o único quadrinista ganhador de um Politzer, por Maus (leia a entrevista da Folha). Com tantos elogios, não dá pra entender por que o diretor Roger Corman, só ficou conhecido 18 anos depois, com A Pequena Loja de Horrores.
(Mas, possivelmente, você não encontrará esse filme na locadora. Clique aqui para baixá-lo.)
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