quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Além da Vida

Com muito menos glamour que o filme de Clint Eastwood, o outro longa "Além da Vida" marcou a estreia da belíssima diretora polonesa Agnieszka Wojtowicz-Vosloo timidamente. Responsável pelo roteiro e pela filmagem, a jovem cineasta escolheu o assunto preferido entre os amantes do horror: a morte, mais especificamente o que vem depois dela. Sem graça? Manjado? Não, a cineasta de nome impronunciável soube inovar e mostrou que é uma boa promessa de Hollywood.
Vamos à trama. Anna (nada menos que Christina Ricci) é uma professora que vive sua pacata vida dando aulas para crianças no jardim de infância. Ela namora Paul (Justin Long, o exemplo de homem que consegue mudar em Ele Não Está Tão a Fim de Você), mas não liga muito para o moço - diz que está feliz mas no fundo, no fundo, se pergunta se era assim mesmo que ela queria passar os dias.
Eis que Anna sofre um acidente gravíssimo e vai parar na mesa gelada de Eliot (o sensacional Liam Neeson), diretor da funerária da cidade, que vai cuidar para que ela seja enterrada bem bonita. Mas como Anna desperta na mesa da funerária enquanto seu corpo é preparado para o enterro? Eliot afirma para a jovem que ele tem o dom de conversar com os mortos, por isso eles se comunicam. E ele vai ajudá-la a passar para o lado de lá.
Aí é que o filme fica interessante. Anna e Eliot travam diálogo profundos sobre o significado da vida, como é importante fazer os dias valerem a pena e, principalmente, o que ela faria se tivesse uma segunda chance. Mas será que Anna está realmente morta? Ela ainda tem suas dúvidas. E você também não saberá tão fácil. Enquanto aguarda a passagem só de ida, Anna interage com os outros corpos de pessoas mortas sendo preparados por Eliot para morrer - e não dá pra saber se é real ou se acontece só na cabeça dela.
Só que, de fato, um aluninho dela acaba vendo a moça na janela, Jack (o típico menino perturbador de um bom filme de horror). O menino corre para contar a Paul, que também desconfia de algo errado, mas não consegue checar se ela está viva ou não. Desolado, ele desiste e se conforma com o fim. E Eliot acolhe o pequeno Jack e promete ensiná-lo, assim como ele a falar com cadáveres, e enterrá-los.
Não vou contar o final, porque realmente vale a pena assistir. Surpreendente, não segue a linha do 'happy ending' do bem triunfando sobre o mal. Afinal de contas, a vida também não é sempre assim. E o tema, apesar de 'batido', nos leva mesmo a reflexão. Anna descobriu, sim, que era feliz e amava demais o namorado. Mas pode ter sido tarde demais.


Um comentário: