sábado, 14 de março de 2009

The Evil Dead - A Morte do Demônio

Éramos cinco
(contém spoilers sutis)

Tatra amistrobin azarta, tatis manor manziz hounaz, ansobar saman darobza dahir saika danz deroza, kandar, kandar, kandar

Se você pronunciou as palavras acima, é bom se proteger da possessão dos demônios que estão por vir. Ou arranjar uma motosserra e esquartejar qualquer pessoa com olhos brancos e cara deformada que aparecer pela frente.

Assim é em The Evil Dead – A Morte do Demônio, o primeiro filme da trilogia que consagrou Sam Raimi no gênero do terror. O primeiro e melhor. Nenhum outro filme, afinal, tem cenas capazes de causar ânsia de vômito até em Bam Margera. Dos Jogos Mortais (I, II, III... MMCCCLXIII) ele é o pai. Um daqueles filmes tão explícitos que são abrigados a serem assistidos com a sobrancelha frisada numa permanente expressão de assombro. Lembrando, é claro, que o filme foi feito em 1982 e com baixíssimo orçamento.

Perceber que o filme foi feito com pouco dinheiro é fácil. Basta olhar, por exemplo, para a maquiagem dos possuídos, que convence tanto quanto o ex-prefeito Paulo Maluf. Isso sem falar nos efeitos especiais e na história batida contata com a cara mais deslavada do mundo. Mas isso é o de menos num filme em que as cenas bem montadas e os cortes de câmera se mostram bons demais para serem feitos por uma equipe de iniciantes – Reimi tinha apenas 22.

Jovens também são os cinco (e somente cinco) personagens do filme, que resolvem fazer uma viagem barata para um lugar deserto, onde se instalam numa casa suspeita e abandonada. Mas o terror começa mesmo quando um gravador e um livro estranho são encontrados no porão do bangalô. Ao ligar o gravador, a voz de um pesquisador ecoa e explica sobre o livro dos mortos. Segundos depois a voz recita as palavras escritas à sangue no livro, liberando espíritos malignos que gostam de possuir corpos alheios de jovens babacas.

A lua então se tinge de negro e um por um por um começa a ser atacado.

Numa das cenas mais emblemáticas e clássicas é realizado o primeiro ataque. Acontece quando a garota sai da casa e entra no bosque escuro (por que Deus???) e, logo, cipós prendem suas mãos e pés até que um pedaço de árvore mais assanhado resolve fazer sexo com ela, sem nem dar bombons ou elogiar seu cabelo. (Se bem que elogiar um cabelo na década de 80 é dureza. Mas, enfim...) O fato é que o cipó possui a moça, espiritual e fisicamente, e nem liga no dia seguinte. Mas tudo bem, porque nem há um dia seguinte para ela.

Outras cenas são mais complexas de entender. Como aquela em que os personagens lutam bravamente para trancar as portas, enquanto as janelas permanecem abertas o tempo todo. E o pior: os espíritos malignos, educados que são, sempre preferem entrar pela porta a se desgastar pulando a janela.

Os efeitos usados no filme, como a cena do espelho que virá água, comprovam a competência de Sam Reimi como diretor. Outros truques, como as cenas em stop motion e massinha, comprovam sua completa falta de noção. E o final, ao contrário do roteiro, é surpreendente, levantando a questão apontada no meio do filme: quem trancará os possuídos no porão quando todos forem possuídos?

Isso, infelizmente, não se sabe e - porque o resto da trilogia não é uma seqüência – talvez nunca se saberá.

Ficha
Título original: The Evil Dead
Tempo: 90 minutos
Ano de lançamento (EUA): 1982
Direção: Sam Reimi
Roteiro: Sam Reimi

Elenco
Bruce Campbell; Betsy Baker; Sarah York; Ellen Sandweiss; Hal Delrich

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