Grita como um porco
(Antes de tudo, é preciso esclarecer que a criança do pôster é um garoto e não uma menina.)
Há quem diga que o sueco Deixa Ela Entrar é um filme diferente sobre vampiros. Absolutamente quase todas as críticas falam isso. Pois essa também falará. O júri do Festival de Tribecca, NY, até afirmou ser uma “exploração impressionante da solidão e da alienação através de um reexame magistral do mito do vampiro” ao conceder o prêmio de melhor narrativa.
A história é velha conhecida dos fãs de Crepúsculo: uma pessoa se apaixona por outra e descobre que ela é um vampiro. No caso de Deixa Ela Entrar, a vampira é uma garota centenária preza num corpo de doze anos que se esqueceu de como sentir frio. Mas não se trata de um plágio, já que o livro de Ajvide Lindqvist, em que o filme se baseou, foi lançado um ao antes do best seller Stephenie Meyer.
O que há de novo nesta história é o modo como o romance entre as duas crianças é tratado. Não há inocência aqui (um pouco de fofura pode ser, mas inocência jamais). O pequeno humano é maltratado na escola pelos valentões e tudo que ele mais deseja é se vingar desses porcos que lhe arrancam o couro.
A vampira é solitária e triste, mas não pode fazer nada quando a fome aparece, senão obedecer seus instintos e secar as veias de pessoas inocentes. Por isso, ela passa a vida (ou a morte) em conflito.
Assim, a grande questão do filme se resume em uma cena em que ela pergunta para seu pequeno amante, inconformado com o fato estar apaixonado por uma assassina, se ele mataria alguém se pudesse. A resposta implícita, obviamente, é sim. Entretanto, é por necessidade de sobrevivência que ela estrangula pescoços. Não por vingança. Quem pode estar certo numa situação assim?
Todas essas características tornam a produção difícil de classificar como um mero filme de terror. É perturbador demais para um romance e sensível demais para um horror. O que só o torna mais belo e intrigante.
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