quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Vila (The Village)

Seria mesmo possível viver em um vilarejo à parte do mundo em que vivemos?

O filme A Vila, lançado em 2004, escrito e dirigido pelo indiano M. Night Shyamalan inaugura sua nova aposta em mostrar o horror de uma perspectiva diferente: aquele que vive no subconsciente de todo o ser humano, do qual não parecemos ter muita escapatória. Filosofando sobre a maneira que vivemos nos anos 2000 - da maneira mais esquisita, é claro, Shyamalan apresenta o que seria um um mundo perfeito, do século retrasado: uma pequena Vila onde as famílias tradicionais norte-americanas decendentes dos colonizadores convivem em harmonia, sob os mais rígidos preceitos morais: temor à Deus, respeito ao casamento e à castidade.

Mas os moradores de Covington, na Pensilvânia, tinham um motivo a mais para se preocupar: os estranhos habitantes das florestas, para os quais os moradores faziam sacrifícios pagãos de animais e recebiam visitas periodicamente, marcando com sangue as casas dos habitantes mal-comportados. Neste cenário incomun, nasce o amor entre a estonteante, porém deficiente visual, Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), filha do líder da vila, e o jovem Lucius (Joaquin Phoenix) - que questiona a política de se confinar dentro das fronteiras da aldeia. Lucius, a ameaça, logo deixa de se tornar um problema graças ao perturbado Noah Percy, interpretado por Adrien Brody - um deficiente mental, personagem um tanto 'deslocado' na pacata aldeia e até então inofensivo -, que o esfaqueia até quase matá-lo, como uma criança sem a noção do que estava fazendo.

Decidida a salvar seu amor, a bela Ivy resolve enfrentar a fúria dos conselheiros, dentre eles seu próprio pai, e se lança pela floresta e suas criaturas para chegar até a cidade em busca de medicamentos. Apesar de saber a verdade sobre a fantasia de monstros, criada pela comunidade para manter-se longe do nosso mundo cruel e cheio de violências, a trajetória da jovem não é menos arrepiante. Com tomadas curtas, muitas cores e ruídos, fotografia e trilha conseguem fazer Ivy e nós, telespectadores, duvidarem da verdade que acaba de ser revelada. O final, como sempre, supreende por ser tão banal e tudo acabar bem.

Shyamalan planta, assim, dúvidas para o espectador refletir: é possível ficar alheio às doenças, crimes, violência, guerras e toda a podridão do mundo em que vivemos, tidos como fruto da modernidade e da sociedade imoral - uma vez que mesmo na isolada aldeia, onde os valores pareciam intactos, eles continuaram a permear o ser humado? Será ainda que seguir a moral e os bons costumes e ter fé não é suficiente para ter a Salvação Divina? O que faz o homem ser bom ou ruim, então?

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